Mulheres na menopausa, razoavelmente saudáveis, que sofrem com as ondas de calor (fogachos) e suor noturno têm riscos quase 30%  menores de morrer dentro de 20 anos do que as mulheres que não apresentam esses clássicos sintomas da menopausa.

Estes dados são do estudo "Rancho Bernardo" e foram divulgados na publicação médica Menopause.

Eu sempre me perguntei por que a Mãe Natureza teria imposto à mulher na menopausa esse desafio dos calorões (fogachos) e dos suores noturnos. A "queima no caldeirão da transformação" poderia até ser um bom tópico para reflexão, mas qual seria a razão fisiológica desses sintomas tão comuns? Será que já não temos problemas suficientes com que lidar nessa idade, sem falar nas rugas, aumento de peso e secura em áreas sensíveis?

Estima-se que pelo menos metade das mulheres na menopausa sofre com as ondas de calor e suor noturno, mas nesse estudo de Rancho Bernardo, feito com mulheres predominantemente brancas e classe média alta, 73% informaram ter calorões e, desse grupo, 39% também sofriam com suor noturno. Após um acompanhamento de 11,5 anos, aquelas que tinham calorões e também suor noturno apresentaram um risco de morte quase 30% menor. E, mais surpreendente ainda, esse menor risco manteve-se mesmo no caso de mulheres com excesso de peso, fumantes, ou que faziam uso (ou já tinham feito uso) da terapia de reposição hormonal convencional.

Será que os calorões e o suor noturno são uma forma de "limpar a casa" ?
Colocando a questão "o porquê dos calorões e dos suores noturnos" sob a perspectiva da antropologia médica, talvez esses sintomas sejam a forma encontrada pela natureza para desintoxicar o corpo feminino - uma espécie de limpeza geral da casa, antes de encerrar as atividades dos ovários e do útero nas funções dos ciclos mensais e gravidez.

A pele é o nosso maior órgão de desintoxicação e a transpiração é uma das melhores maneiras de se desintoxicar.  Na verdade, a transpiração libera toxinas lipossolúveis (solúveis em gordura), que são famosas por ficar na volta das células gordurosas durante décadas e acabar por causar os tipos de danos ao DNA que podem levar ao câncer.

Talvez fosse uma experiência realmente interessante fazer uma análise das toxinas encontradas nas roupas de cama encharcadas pelo suor de uma mulher na menopausa.

Se o suor noturno é uma forma de desintoxicação, as mulheres menopausadas poderiam considerar a ideia de aceitar os calorões e esses suores noturnos, pelo menos por alguns meses, antes de adotar o uso de hormônios bioidênticos para evitá-los. Teoricamente, exercícios físicos e saunas podem reforçar esse processo.

Esse importante pequeno estudo traz muitas questões que merecem ser investigadas.