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As propriedades piezelétricas dos ossos

[Comentário do tradutor]

Veja por que é importante fazer exercícios portando peso, 
para prevenir e tratar a osteoporose.

Inúmeros estudos confirmaram que os ossos apresentam propriedades piezelétricas. As propriedades piezelétricas (do grego piezein = pressionar) foram descobertas nos cristais por Pierre Curie e seu irmão Jacques, em 1880. Foi enunciado que "aparece uma diferença de potencial entre as faces de um cristal quando este se submete a uma pressão mecânica." De forma simplificada, pode-se dizer que um material é dito piezelétrico quando ele tem a propriedade de transformar esforço mecânico em energia elétrica. Essas mesmas propriedades foram encontradas nos ossos, que têm estruturas semelhantes aos cristais.

Quando submetidos a esforço (pressionados, vergados) os ossos apresentam diferenças de potencial, causando a circulação de uma pequena corrente elétrica. Quando um osso é vergado, um potencial negativo aparece no lado da compressão. Isso é explicado pelo deslocamento de elétrons de suas posições originais na estrutura cristalina, durante o aperto, migrando para a região onde ocorre a compressão no osso. Por outro lado, ocorre um potencial positivo (pela ausência dos elétrons que migraram) na área onde o osso está sendo esticado.

Essa minúscula carga negativa tem a propriedade de ativar o periósteo (membrana conjuntiva que reveste externamente o osso), cujas camadas mais internas possuem células que têm o poder de formar ossos -- quando ativadas, elas começam a se dividir, e algumas das "filhas" se transformam em osteoblastos, células que fabricam as fibras de colágeno dos ossos.

Outros processos de formação de ossos ocorrem através da medula óssea (na passagem de células indiferenciadas para a forma de blastemas, que depois viram osteoblastos), e o crescimento que ocorre na chamada Lei de Wolff - ambos muito visíveis na regeneração de fraturas.

Experiências demonstrando a piezeletricidade dos ossos foram realizadas inicialmente em 1954 pelo ortopedista japonês Iwao Yasuda. Os resultados foram confirmados em 1957 pelo físico japonês Eiichi Fukada. Nos Estados Unidos, na década de 60, o cirurgião ortopédico Robert O. Becker realizou inúmeras experiências nessa área, confirmando e ampliando os conhecimentos.

O Dr. Becker tornou-se uma das maiores autoridades mundiais nesse assunto (as correntes elétricas - e seus campos eletromagnéticos - existentes ou introduzidas no corpo humano, e seus efeitos sobre a saúde). Ele também foi pioneiro em pesquisas e técnicas de regeneração de tecidos, inclusive ósseos (em humanos e animais). 

Pequenas correntes elétricas (corrente contínua) vêm sendo amplamente utilizadas em ortopedia, especialmente para estimular o crescimento ósseo nas fraturas. Também há relatos, na chamada medicina alternativa, de bons resultados na regeneração de fraturas através da aplicação de campos magnéticos pulsantes.

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A obra mais conhecida do Dr. Robert O. Becker é o livro The Body Electric (O Corpo Elétrico), Editora Quill - Nova York, 1985 - 365 pp., ISBN 0-688-06971-1. O estudo dos efeitos piezelétricos são abordados em diversas partes do livro, porém com mais destaque nas páginas 122-123, 125-128, 139 e 147.


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